Pesquisas recentes que avaliam o consumo alimentar mostram que o Brasil passa por uma transição nutricional. Dados levantados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostram que o consumo de alimentos industrializados cresceu e junto a isso, o consumo de gorduras também.
A gordura na alimentação é associada, na maioria das vezes, há algo ruim. Mas a verdade é que o consumo de gorduras, desde que feito em quantidade adequada, com conhecimento dos variados tipos e suas fontes alimentares, pode sim ser benéfica à saúde.
No nosso organismo, as gorduras exercem inúmeras funções. Elas estão presentes na camada que envolve nossas células, fazem o transporte de nutrientes e ajudam a manter nosso corpo aquecido. Como nem tudo são flores, gorduras em excesso, principalmente as ruins, levam a obstrução de artérias importantes, causando assim, problemas como o infarto, AVC e trombose.
A American Heart Association publicou novas recomendações sobre ingestão de gorduras, em relação às doenças cardiovasculares. Veja os principais pontos:
1) Não recomenda-se a redução da ingestão de gordura total. Dietas com baixo teor de gordura NÃO previnem doenças arteriais coronarianas.
2) Reduzir a ingestão de gordura saturada e aumentar a ingestão de gordura poli-insaturada simultaneamente está associada a uma redução nos eventos de doenças cardiovasculares semelhante ao que é alcançado com estatinas.
3) Substituir gordura saturada por gorduras poli-insaturada ou monoinsaturada reduz os níveis de LDL e triglicerídeos.
4) Gorduras poli-insaturadas (por exemplo, óleo de milho) parecem ser mais eficazes do que as monoinsaturadas (por exemplo, o azeite) na redução de eventos cardiovasculares.
5) O óleo de coco, que é principalmente gordura saturada, aumenta a LDL assim como outras gorduras saturadas.
6) A mudança de gorduras saturadas para insaturadas deve ocorrer ao lado da aderência a um padrão de alimentação saudável.
Veja como escolher e controlar os tipos de gordura que você irá consumir:
Monoinsaturadas |
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Azeite de oliva |
Óleo de canola |
Nozes e castanhas |
Poli-insaturadas |
Peixes oleosos como salmão, arenque, cavala e a sardinha |
Óleos de soja, óleo de milho |
Cremes vegetais |
Linhaça |
Chia |
Destacam-se entre as gorduras poli-insaturadas, o ômega 3 e o ômega 6, pois nosso organismo não é capaz de produzi-los, ou seja, eles só são obtidos através da alimentação.
O papel de ambos é importante para o organismo, pois ajuda no controle de processos metabólicos como a inflamação, comum em pessoas com diabetes.
Saturadas |
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Carnes e gordura aparente de carnes e aves |
Leite integral |
Queijos (altas concentrações especialmente nos queijos amarelos) |
Manteiga |
Azeite de dendê |
Óleo de coco |
Óleo de Palma |
Trans |
Biscoitos |
Margarina |
Sorvete |
Batatas fritas (prontas ou congeladas) |
Salgadinhos de pacote |
Agora que você já conhece um pouco do assunto, discuta com o seu nutricionista. Tenha em mente que em seu plano alimentar deva ter como prioridade sempre um prato saudável, com todos os tipos de nutrientes, inclusive as gorduras poli e monoinsaturadas.
Referência Bibliográfica:
Santos R.D., Gagliardi A.C.M., Xavier H.T., Magnoni C.D., Cassani R., Lottenberg A.M. et al. Sociedade Brasileira de Cardiologia. I Diretriz sobre o consumo de Gorduras e Saúde Cardiovascular. Arq Bras Cardiol. 2013;100(1Supl.3):1-40.
http://www.diabetes.org.br/publico/conhecendo-nutrientes/834-gorduras-vilas-ou-mocinhas
Dietary Fats and Cardiovascular Disease: A Presidential Advisory From the American Heart Association. Circulation. 2017; https://doi.org/10.1161/CIR.0000000000000510
http://www.jwatch.org/fw113002/2017/06/16/aha-offers-guidance-replacing-saturated-with-unsaturated